A presença de estudantes indígenas nas universidades brasileiras é resultante de lutas individuais e coletivas por acesso a uma educação com equidade e qualidade, que assegure a articulação entres os diversos saberes existentes. O objetivo desse artigo é investigar os estudos que abordam a presença de mulheres indígenas nas universidades brasileiras nos últimos 05 anos. Para tanto, com base em uma revisão de escopo, levantaram-se dados publicados entre 2018 a 2023, nas seguintes bases de dados: CAPES, SciELO, Scopus e Outros. A revisão seguiu as diretrizes do protocolo PRISMA-ScR e resultou em 09 artigos incluídos conforme os critérios de inclusão e exclusão definidos, os quais passaram pelo processo de análise qualitativa de conteúdo. Os resultados revelam uma predominância de temas relacionados a: ações afirmativas; universidade como um território indígena; desafios da mulher indígena na universidade; e protagonismo da mulher indígena. Apesar da presença das mulheres indígenas nas universidades brasileiras ocorrerem de forma mais ativa, isso não significa que essa presença aconteça sem dificuldades. Portanto, reforçamos a necessidade do desenvolvimento de pesquisas voltadas as especificidades das mulheres indígenas universitárias com o intuito de promover reflexões e ações que contribuam para sua inserção e permanência no ensino superior. O protocolo dessa revisão está registrado no Open Science Framework (https://doi.org/10.17605/OSF.IO/Y4RNT).
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